O sangue sobe na hora quando o argumento é “pare de fazer drama”, “você está surtando”. A primeira reação é sempre extremista – o fim de uma amizade, de um relacionamento. Não me leve a mal, eu escolhi não passar por isso.
Leia mais:
– O que as mulheres querem da sociedade no Dia da Mulher (e nos outros dias)
Eu demorei para pensar assim. Antes achava normal que levantassem a voz comigo quando eu questionava algo ou emitia a minha opinião, ouvir que eu não aceitava a brincadeira ou que estava louca, maluca.
– Menos empoderamento, vai.
E mais tarde…
– Por que a gente briga tanto?
Ou
– Amanhã a gente conversa (como se nada tivesse acontecido)
Eu não posso discutir? Tenho que ouvir calada você me mandando parar, aceitar suas brincadeiras machistas?
Eu tenho o direito de conversar sem ser atacada, sem ter meu discurso interrompido pela sua voz mais alta, sem ter alguém completando minhas frases com julgamentos que não condizem com o que eu penso, sinto e falaria para uma pessoa.
CHEGA, EU NÃO QUERO MAIS!
Soube que não era mesmo a “loucura” da minha cabeça quando descobri que certas atitudes eram detalhes machistas com nomes: manterrupting (‘homens que interrompem’), gaslighting (a violência emocional por meio de manipulação psicológica, que leva a mulher e todos ao seu redor acharem que ela enlouqueceu ou que é incapaz).
Este último, principalmente, é o motivo pelo qual resolvi escrever hoje. Não estou aqui para apontar o dedo para ninguém, até porque não se trata de um episódio na minha vida. Já passei por isso no passado bem longe, num passado bem recente e no presente. Ah, no futuro também vou encarar uma dessas, eu sei.
O objetivo deste texto é mostrar para outras mulheres que elas NÃO estão surtando nem fazendo drama. Que eles [e elas também] estão tendo atitudes com o objetivo de fazer a mulher duvidar de seu senso de realidade, de suas próprias memórias, percepção, raciocínio e sanidade.
A melhor definição de gaslighting está no site do coletivo feminista ThinkOlga: “Uma forma de manipulação que desencadeia um total esvaziamento da autonomia da vítima. Uma ferramenta presente em muitos relacionamentos, que levam as mulheres a abrir mão de suas escolhas, de suas opiniões e até de cuidar da sua própria vida. É desempoderamento, opressão e controle. Algo que não deve ser admitido em nenhuma situação”.
Não somos incapazes, não estamos loucas, podemos ter sentimentos não tão bons, podemos reclamar e expor nossas opiniões sem sermos diminuídas.
Siga o Blog Barbarela no Instagram
Siga o Blog Barbarela no Facebook