ALT: uma marca slow fashion (moda consciente) para gordas

*** Por Graziela Sirtoli

Se tem uma coisa boa no mundo é gente que abraça nossas ideias. Quando fiquei
sabendo do Fashion Revolution Week, – evento/movimento que tanto admiro – logo
pensei: vou perguntar para a Bá se posso escrever uma matéria sobre o evento no
blog. E, ela linda, deixou <3

Então, lá fui eu começar a falar com algumas pessoas que eu conheço e que são envolvidas com o movimento da moda consciente para conseguir algumas entrevistas.

Leia mais: 
– Moda praia no inverno? Veja opções sofisticadas para o ano todo
– Estas três marcas fazem roupa de ginástica de qualidade para gordas

Pelo Barbarela ser um espaço que valoriza as mulheres gordas, pensei na hora que
não adiantava nada falar de moda justa sem indicar algumas marcas legais e que as
leitoras pudessem comprar.

Porém, foi ai que eu arrumei um problema para minha cabeça (rs!). Ninguém conhece
essas marcas. As próprias organizadoras do evento no Rio de Janeiro me falaram:
“Pois é! Se você achar alguma, divida com a gente!”.

E esse pedido fica aqui também: meninas, se vocês conhecerem, indiquem nos comentários marcas plus size que trabalham de forma consciente tanto com seus trabalhadores, quanto com relação aos tecidos e aviamentos, tá?!

Pois bem, continuando… Quando ouvi essas negativas, eu já pensei: não é possível!
Alguma marca eu tenho que achar! E achei 🙂 (Santo Google!)

A Alt apareceu durante minhas buscas. E, sua criadora, a Débora, também dona de um
blog, o Overlicious, respondeu a meu “alô” no Instagram. Que sorte! Batemos um papo
por e-mail e aqui vai um pouquinho do que conversamos.

A ALT é uma loja de slow fashion no universo plus size – Reprodução/Instagram

Ah! E para quem está pensando empreender, que tal se inspirar nela, e também
pensar em uma marca inclusiva e também consciente? Nosso futuro (e presente)
precisa disso!

Barbarela: Com a ALT, quais são suas iniciativas para uma moda mais justa?

ALT: Eu trabalho de uma forma que possa ser responsável para mim e para quem for trabalhar comigo. A minha produção é pequena e trabalho com peças únicas e tecidos garimpados. Acho que a moda, além de ser um direito, é também algo que fala muito sobre a personalidade dos consumidores. Eu priorizo a mão de obra feminina, que vai desde à costura até a fotógrafa do lookbook, procuro mulheres independentes, que estão tentando ter sucesso em um meio bastante masculino e machista. Sobre os tecidos, sei exatamente quanto cada tamanho de cada peça consome para que haja um aproveitamento máximo dos cortes que eu compro. Ainda estudo muito a possibilidade de comprar tecidos sem poliéster e microfibra de plástico.

Há ainda um preconceito muito grande com relação ao preço de peças slow fashion. Como você lida com isso?

Eu descobri que essa fala de “se usa mais tecido, tem que ser mais caro” pode ser muito desonesta. Na minha experiência, a variação existe, mas não é o suficiente para
que existam os preços exorbitantes que vemos na moda plus size. Para mim, o slow
fashion não é “mais caro”, ele tem o preço justo. O preço que paga a mão de obra
justa de pessoas que trabalham. O fast fashion é barato? Sim, mas a que custo a peça
Made in Vietnam chegou à R$ 19,90 na magazine? Se você está pagando muito barato,
alguém está pagando com a vida e recursos.

Estou buscando marcas plus size conscientes, mas não tenho encontrado. Inclusive, as próprias organizadoras do Fashion Revolution Week me falaram dessa dificuldade. Você também sente isso nesse mercado? Acha que tem algum motivo especial para isso?

Sim, eu sinto muito isso no mercado. Se a moda de tamanhos regulares enfrenta
esses problemas, é óbvio que a moda plus size (que não é nem considerada, mesmo
sendo um dos mercados que mais cresce no Brasil) passaria por dificuldades. Não
temos muitas opções de tecidos ecológicos legais, não existe conscientização sobre
descarte, etc.

Como consumidora e empreendedora, quais dicas você daria para as leitoras na
hora de comprar uma roupa?

Eu acho que o maior problema no consumo, hoje em dia, é que compramos muito e
muito do que não precisamos e acabamos nem usando. Eu ainda mantenho a regra
do 1 ano para o meu guarda-roupas. Hoje em dia existem marcas plus size que podem
suprir a necessidade dos atemporais, como jeans e casacos, e, por isso, dei uma boa
diminuída nas compras em magazines. Na hora de comprar, é bom saber a
procedência das peças e quem está envolvido naquele processo e como você pode
ajudar.

Você compra muitas roupas em brechós, né?

Eu compro bastante acessórios e sapatos em brechós, mas tenho dificuldade de
encontrar peças de roupa. Tem que garimpar mesmo e, na maioria das vezes, encontro
na sessão masculina.

Em seu blog, você tem um post muito legal sobre como as gordas podem
também consumir de forma consciente. Como ele é de 2015, me conta como
você está com relação a isso nesses 3 anos? 

Esse texto ainda se alinha bastante com o meu pensamento de hoje. A única diferença
é que eu adquiri conhecimento do lado da produção e não só do consumo. Ainda
pratico a questão do desapego após 1 ano sem usar as peças e procuro abastecer
meu guarda-roupa com peças de pequenos produtores, deixando sapatos e peças
atemporais para as fast fashions

Você vai ao Fashion Revolution Week? Tem alguma palestra/evento que tenha te
interessado mais?

Infelizmente, o evento vai rolar no meio do furacão do lançamento do inverno da ALT
(SPOILER!), por isso vou ficar por fora da edição. Mas me interessei bastante na
palestra da Léa Gejer, de Moda Circular & Gestão de Resíduos, que será dia 28, às
17h, na Unibes Cultural, em São Paulo.

Quer saber mais sobre a ALT? Aqui vai o Instagram e o Facebook dela!

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Contadora de histórias, aquariana e obstinada por grandes revoluções - principalmente internas. Compartilha vivências do seu processo de autoestima e entrevista mulheres inspiradoras.

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