*Por Marina Seixas
Sempre quis ser e sempre tive certeza de que seria um ótima mãe. E, como a maioria das meninas, sonhava que isso aconteceria quando eu estivesse bem casada, magra, estável financeira e profissionalmente e que o bebezinho viria coroar esse momento de plenitude.
Meu bebezinho chegou! Em meio ao caos! Fruto de um relacionamento que facilmente serviria de roteiro para um folhetim do horário nobre, 15 kg acima do peso, dentro de um buraco negro na minha vida financeira e em um momento em que estava mudando os rumos profissionalmente. Com tantas incertezas, a única garantia era a de que em pouco tempo eu seria responsável por outra pessoa e que as minhas escolhas interfeririam no destino dela.
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A gravidez foi de risco, com grandes chances de aborto ou de parto prematuro pelo fato de eu ter útero didelfo (popularmente falando, dois úteros).
“Vê-la vencendo todas as etapas, semana a semana, contrariando toda as estatísticas, foi emocionante!”
Embora o caos ao redor continuasse, meu amor por ela e a minha felicidade com a maternidade eram inabaláveis.
Ana Beatriz chegou ao mundo com 40 semanas de gestação. O parto foi induzido porque a “bichinha” não tinha pressa de vir e essa foi mais uma ironia do destino, já que a expectativa de todos os médicos era de um bebê prematuro. Chegou cheia de saúde e possuidora de uma tranquilidade e de um olhar penetrante que nos desconsertava.
Enquanto escrevo esse texto sobre maternidade, a vejo brincar sentadinha no chão da sala com o coador de café em uma mão e um celular de brinquedo na outra. Ela vai fazer oito meses e se diverte sozinha, sorri quando descobre algo novo e sempre encontra um forma de ir buscar o que quer.
“Quantos ensinamentos eu absorvo todos os dias sendo mãe desse bebezinho”
O caos? Ah sim, ele continua. Tive melancolia pós-parto, dificuldade inicial para amamentar a minha pequena, pois ela não ganhava o peso esperado, e todo o resto continuava um caos.
O perdão a si mesma
Aos poucos, entendi que eu preciso me perdoar. Então eu me perdoo pelas escolhas que eu fiz até aqui. Por não viver o romance que eu esperava, por não ter o trabalho dos sonhos ou o conforto que eu gostaria, por não ter o corpo que eu idealizava.
“Eu me perdoo porque foi o melhor que eu poderia fazer, dentro do que eu sabia viver”
E sou profundamente agradecida à minha rede de apoio que, com muita paciência e amor, me ajuda a sair do caos.
É um processo de ir desatando os nós e fazer novas escolhas. De entender que nem tudo o que idealizamos acontece e nem por isso deve ser frustrante. Entender que é com esse corpo agora que eu preciso me sentir bonita pra um dia a Ana Beatriz se sentir bonita também! E, principalmente, que tudo tem o seu tempo e que o tempo de Deus definitivamente não é o mesmo que o nosso. Então, só me resta confiar e observar que no caos surgiu a minha FÉ! E a fé em dias melhores. Dias que a minha filha se orgulhará das minhas escolhas.
Finalizo o texto olhando pro rostinho maroto dela com a certeza de termos que saber admirar a beleza no caos. Curtir cada momento com alegria e não mais esperar pra ser feliz quando se tiver isso ou aquilo. Vou ser feliz hoje, agora, quando ao fechar o notebook e me sentar no chão com ela para que, juntas, possamos fazer uma percussão incrível com espátulas e panelas.
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