Pessoas gordas existem. Esse é um fato com o qual a sociedade tem que lidar. E o que as pessoas pensam sobre o corpo de uma pessoa – seja ela gorda ou magra – não interessa: esse é outro fato que a sociedade deveria aprender a lidar. Mas, não é o que acontece.
Ou porque há muito a ganhar utilizando a imagem, o nome e o engajamento que a luta antigordofobia tem (este é um assunto que ganha cada vez mais repercussão na mídia, e Universa já discutiu a gordofobia em inúmeras reportagens e em eventos, como o Universa Talks). Ou por falta de informação.
O primeiro motivo que trago neste texto só pode ser combatido com uma legislação mais efetiva – hoje não há nenhuma lei que confronte a gordofobia especificamente. Apenas nos casos de uso indevido de imagem ou de discurso de ódio é possível acionar a Justiça.
O segundo motivo, ao meu ver, é combatido com o que fazemos de melhor como jornalistas: informar. Então, trarei nos parágrafos abaixo informações sérias e relevantes sobre o tema.
Gordofobia existe
Em primeiro lugar, é importante ressaltar que gordofobia existe. Tanto é que, há um ano, o periódico científico Nature Medicine publicou um consenso internacional pelo fim do estigma ligado ao excesso de peso.
Ao todo, 100 instituições assinaram o termo, incluindo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).
O estudo mostrou que a discriminação dificulta o acesso a medicamentos e tratamentos de pessoas gordas, e mais: que entre os adultos, de 19 a 42% sofrem gordofobia no mundo. A taxa entre mulheres é ainda maior!
Gordofobia e saúde mental
O mesmo artigo trouxe à luz que a saúde mental de quem é gordo é altamente impactada pela forma como o mundo olha para essas pessoas. Na infância, por meio do bullying, elas são levadas ao isolamento social e transtornos mentais desde cedo, como ansiedade e depressão.
O mesmo faz com que pessoas gordas sejam amplamente incentivadas ao abandono de atividades físicas e a seguir dietas restritivas não saudáveis.
Como combater a gordofobia
O artigo da Nature sugeriu cinco caminhos para combater a gordofobia. Eu incluirei um sexto que pode partir de você mesmo, que está lendo este texto.
1 – Educar a população: falta de conhecimento gera discriminação. Ou seja: o caminho é dar luz às informações que geram pensamento crítico, com pesquisas, dados e fatos verídicos;
2 – Investir na formação dos profissionais de saúde: o preconceito enraizado na classe médica, segundo o periódico, é um fator que dificulta o diagnóstico correto e a indicação de terapias efetivas;
3 – Ampliar infraestrutura de consultórios e hospitais: o atendimento jamais será adequado caso não haja acessibilidade para pessoas gordas. É necessário que tudo – da maca ao elevador – seja projetado para receber uma pessoa fora do padrão;
4 – Investir em pesquisa: de acordo com o artigo, financiamento equivalente à importância do tema deve existir para a comunidade científica estudar sobre o assunto;
5 – Criar legislação: a ação do Estado é importante para diminuir e eliminar a desigualdade social com relação ao peso. O artigo mostra, por exemplo, que pessoas gordas trabalham mais horas que funcionários magros, porém não há diferenciação na remuneração. Também há discriminação na hora de contratar, pois pessoas gordas são associadas ao desleixo e preguiça, o que é inverdade;
6 – Não alimente o ódio: esta dica é minha. Cada vez que você se deparar com algum conteúdo que você perceber que fere a imagem de alguém, coloque-se no lugar daquela pessoa. Questione-se: quem usou a imagem e o discurso antigordofobia para fazer “piada” está querendo criar polêmica para ganhar engajamento? E, por favor, ignore essas pessoas. Se puder, deixe de seguir. Isso vai fazer bem a você e a todos nós.